A agricultura digital como aliada da sustentabilidade

Responsável por aproximadamente 25% do PIB brasileiro, o agronegócio tem se destacado por suas inovações tecnológicas, que permitem o gerenciamento de toda a produção. Softwares especializados passam a integrar os dados e proporcionam uma visão de longo prazo, tornando possível mensurar com precisão dados de estoque, finanças e operações de campo. Cenário que gera uma transformação no setor, que por décadas foi alvo de oscilações não apenas por mudanças climáticas, mas também por estar condicionado a uma operação rudimentar.

De acordo com pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em meados dos anos 2000 apenas 2% das propriedades contavam com máquinas agrícolas e pouco se sabia sobre a capacidade dos diferentes tipos de solos brasileiros. Já em 2020, 84% dos produtores agrícolas brasileiros já adotavam algum tipo de técnica digital na plantação, de acordo com dados do mesmo instituto de pesquisa.

A mesma evolução pode ser vista no tema sustentabilidade. Visto historicamente como um grande vilão da biodiversidade, o agronegócio tem dado saltos evolutivos em temas como preservação e manutenção de áreas produtivas. Atualmente, startups especializadas (agtechs) visam detectar os melhores solos para cada tipo de cultivo, bem como utilizar a tecnologia como uma aliada na recuperação de solos degradados, contribuindo para a conservação florestal.

Um exemplo dessa evolução é o projeto “Soja sustentável do Cerrado”, que visa proporcionar às startups uma jornada de experiências, apoiando e estimulando empreendedores para o desenvolvimento de soluções que possam fomentar a sustentabilidade através da preservação e restauração das áreas verdes na cadeia produtiva da soja na região do Cerrado brasileiro. O programa, parceria entre o hub de inovação AgTech Garage e o Land Innovation Fund, está em sua 3ª edição e neste ano tem como foco soluções que gerem valor para conservação da área nativa em propriedades rurais.

A elevação do nível de importância da sustentabilidade no setor vem em linha com o futuro, visto que a demanda só tende a crescer. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050 a população mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas, o que vai exigir um aumento de 60% na produção de alimentos em apenas 40 anos.

Com isso, o agronegócio brasileiro está no centro dos investimentos e concentra grandes oportunidades de carreira, visto que tem a estimativa de empregar 178 mil pessoas até 2024. Este, portanto, é o momento exato para que líderes componham seus times com uma visão de longo prazo que leve em conta não somente as novas tecnologias e recursos disponíveis, mas também sejam capazes de integrar em suas rotinas estratégias ESG e de tecnologia que gerem valor para as organizações. Sua empresa está preparada?

Comments