O papel estratégico do Chief Sustainability Officer (CSO) para o futuro das instituições financeiras

Por Igor Schultz, sócio da Flow Executive Finders

No âmbito das instituições financeiras, até 2021 as ações ESG eram vistas como boas práticas corporativas, ou seja, eram opcionais e não tinham um impacto real na criação da estratégia. Porém, em setembro desse ano, o Banco Central (BC) e Conselho Monetário Nacional (CMN) lançaram normas e colocaram a exigência do reporte anual de dados, em especial sobre medidas para a redução de emissão de carbono, no Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas, chamado de Relatório GRSAC – obrigatório a partir deste ano de 2023.Essa mudança de cenário trouxe uma maior relevância para o papel do Chief Sustainability Officer (CSO), profissional responsável por gerir as metas de sustentabilidade das organizações, bem como traçar um cenário preditivo para que todas as áreas da empresa estejam orquestradas em uma visão comum sobre as metas ESG assumidas.

De acordo com pesquisa divulgada pela Deloitte em parceria com o Institute of International Finance (IFC), existem três motivos macro que estimulam as instituições financeiras a contratarem um CSO para sua operação: (i) colocar em prática, com agilidade, as mudanças regulatórias constantes que impactam a organização; (ii) criar estruturas e processos que atendam às expectativas de consumidores e stakeholders; (iii) colocar as metas ESG dentro da estratégia de negócios e mensurar riscos.

Fonte: Deloitte | The future of the Chief Sustainability Officer: When does it make sense to have a CSO?

A bagagem deste profissional pode ser diversa, uma vez que esse C-level interage com praticamente todas as áreas do negócio. Suas maiores habilidades devem ser as de um mediador e um estrategista, ao fazer com que as metas de sustentabilidade e sua execução tornem o negócio mais competitivo em relação aos concorrentes que não possuem o mesmo framework.

De acordo com a pesquisa da Deloite e IFC, os CSOs ouvidos destacaram três responsabilidades macro da cadeira, sendo elas: reconfiguração do modelo de negócios, compliance e redução da pegada de carbono. Embora o reporte desse profissional seja feito, geralmente, para o CEO, seus resultados devem também ser acompanhados pelo conselho de administração, o que pode ser feito por meio de comitês específicos como de auditoria, riscos e sustentabilidade.

Embora a cadeira apareça tímida no Brasil, a posição já é amplamente utilizada pelas empresas nos Estados Unidos e na Ásia. Contudo, a tendência é que nos próximos anos a posição se torne cada vez mais fundamental, visto que o Brasil vem assumindo a liderança no mercado mundial de carbono e o compromisso com a redução do desmatamento da Amazônia.

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