Tendências tecnológicas que norteiam a estratégia dos bancos: tokenização

Com o objetivo de trazer mais segurança e praticidade aos clientes, os bancos têm investido fortemente na tokenização, que nada mais é do que a transformação de ativos reais em ativos digitais. Um exemplo clássico é o dos cartões de crédito virtuais, que podem ser gerados via aplicativo bancário com códigos alfanuméricos diferentes do cartão físico, o que ajuda a prevenir fraudes uma vez que os códigos são validos para uma transação específica, ou por um período curto. Ou seja, este tipo de operação dificulta o roubo de senhas e dados sensíveis no universo online. 

Cada vez mais as instituições financeiras têm investido em tecnologia para tentar barrar ou prevenir fraudes, que causam um rombo no lucro líquido deste tipo de organização. Em 2022, mais de 30% dos brasileiros sofreram algum tipo de golpe financeiro ou bancário, sendo 46,5% deles clonagem de cartão; 21%, golpe digital; 20,5%, vazamento de dados; e 11,5%, fraude. A informação é da Cadarn Consultoria em parceria com a idwall que entrevistou 2,1 mil pessoas para analisar 23 bancos digitais e tradicionais, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023.

Outro fator que impulsiona a tokenização por parte dos bancos é a remoção de intermediários no processo, ou seja, em vez de contratar uma instituição para fazer o processo de (i) emissão de um ativo financeiro, (ii) custódia, (iii) liquidação e por fim uma outra para (iv) distribuição de uma dívida, a empresa interessada em captar recursos poderia emitir tokens por meio de um contrato inteligente, automatizando todo esse processo e o tornando mais econômico.
 
Real digital 

De modo geral, o Brasil é líder na digitalização de ativos na América Latina e promete sair na frente com a criação de uma moeda digital (CBDC, na sigla em inglês), que já está sendo desenvolvida pelo Banco Central do Brasil (BC). De acordo com a instituição, foi criada uma plataforma que permite o registro de vários tipos de ativos financeiros. 

A previsão é que a ferramenta deverá estar à disposição dos correntistas no fim de 2024, quando começará a receber depósitos tokenizados (ativos reais convertidos em digitais). Segundo o coordenador do projeto do Banco Central, Fabio Araujo, o real digital funcionará como um Pix em larga escala, que permitirá transferências instantâneas de grandes valores no atacado, como grandes empresas e instituições financeiras.

Legislação 

Embora o processo se prove mais ágil e barato, ainda existem entraves para que o processo de tokenização avance como: 
•    Alto índice de fraude;
•    Regulação deficitária no que diz respeito a separação dos recursos da corretora e dos clientes, que os deixaram sob custódia;
•    Depreciação de um ativo digital que não tenha sido precificado corretamente, o que pode gerar quedas bruscas do ativo em um curto espaço de tempo. 

De fato, mesmo que a tokenização pareça já fazer parte do dia a dia das empresas e pessoas físicas, muito se deve avançar para que os ativos digitalizados tenham a mesma solidez e precificação dos ativos físicos. Por isso, os executivos envolvidos com o processo de melhoria da digitalização de recursos devem ser os principais guias desta revolução, acompanhando as tendências e liderando as transformações a fim de garantir uma base sólida para o crescimento. 

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